Olá!
Gostaria de compartilhar com vocês um caso curioso, que creio causar muita confusão entre pessoas que estão preocupadas com o meio ambiente:
Em uma recente palestra no evento no cais do porto (sobre equipamentos de ar condicionado e refrigeração, realizado pela
Abrava) , um representante da prefeitura disse a seguinte frase para o auditório lotado:
"Vendendo créditos de carbono estaremos contribuindo para a manutenção da camada de ozónio".
Bem, a intenção foi boa. Entretanto não podemos confundir as coisas: o aquecimento global não tem uma relação direta com a camada de ozónio. Na verdade, são fenómenos que ocorrem em paralelo, com relações de causa-efeito (na maioria das vezes) completamente independentes.
Um exemplo disso é um gás usado como refrigerantes. Antigamente, os aparelhos de ar condicionado vinham com o compressor (a parte que faz o ar esfriar) abastecido com um gás chamado de R22. Este gás tem propriedades termodinamicas que absorvem o calor do ambiente, fazendo-o esfriar. Acontece que o R22 "depleta" a camada de ozónio, e causa estragos imensos na atmosfera. Durante o acordo de Montreal, em 1987, foi acordado que o R22 seria substituído pelo mais novo e eficiente gás que não prejudica a camada de ozónio - o HFC134a.
O HFC134a é extremamente benéfico para a camada de ozónio, e substitui seu antecessor - o R22 (e toda a família CFC) de maneira eficiente, tendo inclusive seu uso incentivado pelo protocolo de Montreal. Entretanto, o HFC134a é extremamente prejudicial para o aquecimento global, já que tem forte potencial para causar o efeito estufa: na atmosfera, uma tonelada de HFC134a tem o potencial calorífico 1300 vezes mais potente que o CO2!
Portanto, o protocolo de Montreal sem saber incentiva o aquecimento global!!!
Bem, um dos trabalhos que venho tentado executar é oferecer alternativas economicamente viáveis que não prejudiquem nem a camada de ozónio, nem tampouco ofereçam riscos ao aquecimento global. Um exemplo de alternativa seriam gases baseados em hidrocarbonetos como o butano. Entretanto, seu uso em veículos pode ser extremamente perigoso, já que é inflamável e explosivo, e portanto não se torna uma alternativa valida.
Estariam chegando os dias em que viveremos sem ar condicionado novamente? Seria hora do homem dar um passo para trás para dar dois para frente?
Eu duvido. Existem outras alternativas, porém cada qual com suas vantagens e desvantagens. Porém, todas elas tem algo em comum: teríamos que jogar nossos ares condicionados fora e comprar novos.
Então faço uma pergunta para meus leitores: e aí, estão vocês dispostos a bancar o bem estar ambiental? ;-)