sábado, maio 05, 2007

Oi Pessoal,

Dentro de Kyoto para um projeto ser elegível a ganhar creditos, ele precisa ser cumprir com 3 metas:

a) Gerar um Beneficio Ambiental (obviamente).
b) Gerar Desenvolvimento Sustentável (já tivemos a oportunidade de definir em posts passados)
c) Ser Adicional

Agora chegou a hora de definir o que é Adicionalidade. Dito de forma ultra sintética e generica, Adicionalidade é o quanto sensivel é uma acao em relacao a intervencao de um agente externo - esta sensibilidade é o grau de adicionalidade da acao em relacao a intervencao. Em outras palavras, dentro do MDL para um projeto ser adicional, há de se provar que este somente seria levado adiante com o incentivo dos creditos de carbono.

Essa semana tive uma discussao com um colega meu, engenheiro porreta Rodrigo Braga. Seu argumento era que um beneficio ambiental somente poderia se transformar em creditos voluntarios de emissoes - os chamados Voluntary Emission Reductions (VERs), que nao servem para compliance com Kyoto - se se pudesse se comprovar a Adicionalidade desses beneficios.

Para comecar essa discussao, gostaria de pedir licensa e publicar um texto do Ricardo Esparta, ambientalista da EcoInvest, tirado diretamente do PointCarbon:

O Conselho Executivo do MDL (CE) está sendo criticado pela lentidão e por estar tão preocupado com a “integridade ambiental” do MDL que criou um processo de aprovação que é tão prolongado que os atores do mercado questionam se ele de fato vale a pena.

Mas como essa integridade ambiental se manifesta nos projetos de MDL registrados pelo CE até agora?

Minha opinião é de que as considerações sobre o desenvolvimento sustentável estão perdendo para a adicionalidade. Infelizmente, a aplicação acadêmica e irrealista do conceito de adicionalidade pelo Conselho Executivo parece estar penalizando os projetos com componentes reais de sustentabilidade.

Analisando os projetos de MDL registrados até agora, é, infelizmente, difícil de se constatar que a integridade ambiental esteja em primeiro plano. De uma redução estimada de cerca de 44 milhões de toneladas de CO2e até 2012, 87,7% são provenientes de projetos de decomposição de HFC23, 8,3% de dois projetos de aterros sanitários, 3,7% de sete projetos de geração de eletricidade renovável (6 de pequena escala), e 0,3% de um projeto industrial de substituição de combustível.

A decomposição de gases industriais e de aterro, apesar de, freqüentemente, apresentarem somente contribuições minoritárias ao desenvolvimento sustentável, são considerados porque qualquer um pode demonstrar facilmente que o projeto não teria ocorrido sem o MDL. Por outro lado, projetos com componentes significantes de sustentabilidade estão de fora, como aqueles envolvendo a exploração de fontes de energia renovável, eficiência energética e racionalização do transporte público. Isso se deve, freqüentemente, à complexibilidade em se demonstrar a adicionalidade.

Para se qualificar para o MDL, quaisquer reduções de emissões devem ser adicionais àquelas que ocorreriam na ausência das atividades do projeto. No entanto, para a maioria dos projetos, o que “ocorreria na ausência dos projetos” é impossível de se verificar, já que ninguém pode prever o futuro.

Por exemplo, é impossível demonstrar que a eletricidade gerada por um projeto substituirá a energia proveniente, por exemplo, de combustíveis fósseis. Portanto, deve se esperar estimativas razoáveis, senso comum, e, acima de tudo, um certo risco.

No entanto, o CE não parece concordar que estimativas devem ser aceitas e continua rejeitando e aprovando – depois revisando – metodologias até que estejam perfeitas. E impossível de serem aplicadas na vida real.


Ricardo Esparta, Ecoinvest Carbon


Bom sábado para tod@s!


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